sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Procura-se emprego. Desesperadamente.


Todos sabemos: preconceito nada mais é do que uma ideia antecipada; o não gostar sem saber o porquê, o criticar. Estabelecer diferenças entre as pessoas sem razão.
Pois bem, todos nós fomos um tanto preconceituosos alguma vez – ou você nunca fechou o vidro no sinaleiro depois de ver o ‘show’ de malabares? - Isso é próprio do ser humano. 
O preconceito racial é bem conhecido e não preciso deter-me muito nele. Sabemos que as manifestações são violentas, principalmente contra os negros - eles têm, sim, suas razões para odiarem o mundo, mas de nada vai adiantar dizer que um erro não justifica o outro. Foram arrancados de sua pátria, escravizados em mundos diferentes e, ainda, torturados num certo Pelourinho, hoje lindo e maravilhoso, todo colorido, lugar ideal pra turista tirar fotografias e rir não sei de quê.
O preconceito está sempre presente, e não precisamos de esforço para encontrá-lo.
Certa vez ouvi um casal conversando, ambos obesos, que a mulher gorda é mais descriminada do que o homem gordo. Eu não tinha pensado nisso; a descriminação ainda tem subdivisões! A gordura tem idade também, a gorda jovem é mais descriminada do que a idosa, a gorda idosa é perdoada, porque é idosa, e isso ao meu entender também é preconceito.
Mas vamos lá, como formada hoje eu digo, chegou àquela fase em que se precisa fazer algo além de estudar, é preciso trabalhar, começar a crescer na vida e formar a sua própria vida. E não pense que até no querer fazer algo decentemente significante não se vê descriminação. Outro dia desses estava lendo aos classificados do jornal tentando achar qualquer brecha de emprego que pudesse me ser útil. Recém-formada, jovem... Nada me encaixa. Nos classificados dos jornais a exigência do empregador é de que esses jovens tenham, no mínimo, três anos de experiência com-pro-va-da. Me diga, onde um recém formado vai tirar três anos da tal prática? – estágios? Não acho que dêem a vazão necessária.
O que faremos com os milhões de empregos prometidos pelo nosso governo? Cadê a competência, a experiência?
Liguei meus neurônios e consegui entender: aqueles dez milhões de empregos prometidos - que ainda não vieram - são para criaturas jovens, de fé, com experiência, brancas, magras, bonitas, nem altas, nem baixas e com uma saúde de ferro; e se forem homens, com cabelos; porque os carecas também estão no listão!

Enfim, coisas nossas, dos humanos
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(OBS: Esse texto, BEM diferente do comum daqui, foi escrito já fazem alguns anos para alguma redação de algum ano na época do meu colégio. Mesmo não sendo o convencional do "verbalizando" (rs), e apesar de um pouco chulo eu achei bem interessante e verdadeiro. Depois eu volto com a minha melancolia.)

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