segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Carta de desistência.

- Oi, amor? Bom, ainda posso te chamar assim né?! Até porque acho que não conseguiria mudar isso a essa altura do campeonato. Já anda tão difícil pra mim tentar me convencer que não, que você não é o meu amor, mas existem coisas que nunca serão como a gente quer, e você é uma delas...
Não se assuste.. Me deixe explicar melhor.
A verdade é que tenho que começar lhe pedindo perdão, apesar de o único mal que eu tenha feito nessa vida foi de te amar demais. Que trágico isso, não?! Mas o amor também fere, meu amor, se não é bem alimentando ele vira um bicho faminto e destrói tudo o que vê pela frente. E me feriu... estou aqui justamente porque não quero que o mesmo lhe aconteça.
Não tem como negar que balançou, mexeu, mas de repente me vi obrigado a ir embora e por isso resolvi trazer isso à tona. Talvez seja bom, talvez eu sinta saudades e largue tudo para ir atrás de você -mais uma vez- ou talvez eu só descubra mesmo que era tudo mentira aquilo que você me dizia sobre desistir de certas coisas. Talvez a desistência nem seja algo tão ruim assim, ainda mais se tratando de nós.
É isso, desistir, largar o barco, remar contra a corrente, e todas essas figuras de linguagem que a gente usa quando não se tem mais o que dizer para ir embora, afinal, quem é que gosta de despedidas? Juro, não estaria aqui se não fosse extremamente preciso. Você me pergunta pra quê toda essa franqueza agora, e eu te digo, é que chega uma hora que não tem como remedir mais a situação, é bem provável que eu sinta a sua falta alguns longos dois, três dias, umas duas ou três semanas, mas logo passa e não fique mal por isso, eu realmente só vou precisa desse tempo pra esconder melhor todas as cicatrizes que a gente vai deixar em mim.
Amor, pode acontecer em algum dia frio que eu venha a lhe procurar, se isso acontecer somente ignore. A gente não deu sorte, e acho que o amor é uma mistura que tenha isso, apesar de ser cruel, sim, precisa de sorte com uma pitada de disponibilidade e a pessoa ideal. Então hoje lhe digo, vamos deixar as coisas mais claras e ficarmos bem assim, não sei se ir embora foi a minha melhor opção, mas me vi sendo obrigado a ir e a fiz, não me odeie por isso, estar indo embora é o meu maior ato de coragem.
O adeus vai nos servir pra reconhecermos, daqui a algum tempo quem sabe, o quanto fomos e somos importantes. O adeus vai falar muito por nós. E não pense que esse é um daqueles estados depressivos que se agrava com o tempo - e talvez essa seja a explicação para a falta de lágrimas- a verdade é que aqui agora só existe conformismo. Constatação do que foi e não é mais. Do que foi e poderia não ter sido, do que foi e nunca mais será. Constatação pesada, eu diria. Verdade escancarada.
Amor, me perdoe mais uma vez se fui muito bagunçado nas minhas ideias, mas é assim que você me deixa. Lhe deixo essa carta pra tentar esclarecer pra você - e pra mim- que é isso que somos, uma eterna bagunça que vai se revolver um dia, é só o tempo nos achar. Enquanto isso a gente fica assim, você dai e eu aqui, imaginando o que poderia ser e não foi, convivendo com o que é de fato, acreditando que talvez não era pra ser, ou era, e a gente que não viu!


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